Condsef/Fenadsef

Com CUT Brasil

Uma reunião entre a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Condsef/Fenadsef e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) marcou um passo importante na construção de um trabalho conjunto para aproximar a pauta do trabalho indígena e suas lutas políticas do movimento sindical. O encontro reuniu a diretora da Condsef/Fenadsef, Mônica Carneiro; Jefferson Fernandes, da Coordenação-Geral de Atividades Produtivas da Funai (CGAP); e o assessor Alex Capuano, representando o secretário nacional de Economia Solidária da CUT Brasil, Admirson Medeiros, o Greg.

Durante a reunião, Alex Capuano apresentou a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SNES) criada no 14º Congresso da CUT, realizado em 2023, a partir do entendimento de que o movimento sindical cutista precisa dialogar de modo mais amplo com toda a classe trabalhadora, especialmente trabalhadores historicamente mais invisibilizados.

Romper visões excludentes

Na visão das entidades sindicais, os povos indígenas seguem profundamente estigmatizados, muitas vezes vistos como apartados da classe trabalhadora. Esse diálogo, portanto, segue fundamental para romper visões históricas excludentes. “É um primeiro passo para algo muito importante, que é o necessário entendimento de que os povos indígenas são parte da classe trabalhadora”, afirmou Admirson Medeiros (Greg), secretário de Economia Solidária da CUT. Greg reforça que lutas como a demarcação das terras indígenas e o enfrentamento ao marco temporal também devem ser assumidas como lutas do movimento sindical.

No debate, o representante da Funai destacou a importância de inserir as experiências de economia indígena no ambiente sindical, evidenciando a diversidade da economia indígena e o papel fundamental da floresta e dos diferentes ambientes dos cinco biomas para a economia e a bioeconomia do país.

Ataques aos direitos dos povos indígenas precisam ser barrados

Para a Condsef/Fenadsef, o fortalecimento desse diálogo ocorre em um momento crítico. “Os direitos territoriais dos povos indígenas sofrem um ataque sem precedentes neste exato momento. Temos um papel importante nesse contexto, que é o de defender que a atuação do Estado não seja submetida aos interesses de grupos organizados no Congresso Nacional voltados à manutenção de assimetrias históricas”, alertou Mônica Carneiro. Ela destacou ainda que trabalhadores indígenas da Funai e da Sesai estão se organizando nos sindicatos gerais da base da Condsef/Fenadsef, o que reforça a necessidade de aprofundar o trabalho conjunto com a CUT.

Segundo Mônica, é fundamental apoiar as atividades produtivas indígenas e levar o debate “Povos Indígenas e Mundo do Trabalho” às entidades sindicais filiadas à Central, ampliando a luta contra os retrocessos que tramitam no Congresso Nacional. “A economia indígena cumpre um papel fundamental para o país e depende, de forma direta, da garantia dos direitos territoriais indígenas para se manter”, afirmou.

Ao final do encontro, CUT, Condsef/Fenadsef e Funai reafirmaram o compromisso de seguir construindo iniciativas conjuntas que aproximem o movimento sindical da realidade e das lutas dos povos indígenas, reconhecendo-os como parte essencial da classe trabalhadora brasileira e como protagonistas de experiências históricas de economia solidária baseadas na cooperação e na autogestão. 

Um próximo encontro está previsto para o final do mês de janeiro.