Em debate promovido pela Apufsc, professor Nildo Ouriques e Maria Lúcia Fattorelli, fundadora da organização Auditoria Cidadã da Dívida, discutiram o assunto
“Dívida pública e arrocho salarial no funcionalismo público” foi o tema do debate promovido pela Apufsc-Sindical nesta quinta-feira, dia 1°, no auditório do Centro Socioeconômico da Universidade Federal de Santa Catarina (CSE/UFSC). O evento teve a participação do professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC e presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos (Iela), Nildo Ouriques, e de Maria Lúcia Fattorelli, fundadora da organização Auditoria Cidadã da Dívida.Na abertura do debate, o presidente da Apufsc, José Guadalupe Fletes, menciou que o assunto foi pautado pelo professor Ouriques. O sindicato, por sua vez, rapidamente viabilizou o debate pela importância que o assunto ganha nesse momento, em que o Brasil discute o novo arcabou fiscal.Para o público formado por docentes e também por estudantes, Ouriques apresentou Maria Lúcia. “Ela vai dar uma aula sobre um tema crucial que vocês não terão nos bancos da universidade”. Para o professor, “o tema não é tratado com o rigor que deveria” na academia.De fato, de maneira bastante didática, Maria Lúcia contou o histórico da Auditoria Cidadã e explicou os motivos de a dívida pública merecer atenção. “A dívida pública é a mãe de todas as dívidas sociais do país”, resumiu a auditora.Com gráficos e estudos que detalham dados, ela analisou que o Brasil prioriza a dívida pública, situação agravada pelo novo arcabouço fiscal que, por outro lado, limita recursos a serem aplicados em áreas como a educação e a ciência. “O arcabouço fiscal mantém e aprofunda o privilégio da dívida”, disse Maria Lúcia.Para ela, “a dívida pública tem sido a justificativa para o teto de gastos e agora para o arcabouço fiscal”. E isso não é apenas uma percepção. Na justificativa do projeto de lei que propôs o arcabouço, enviado pelo Ministério da Fazenda ao Congresso, está claro: “o objetivo é guardar recursos para o abatimento da dívida pública”.O grande problema disso, para a auditora, é a falta de transparência e a priorização de algo em detrimento de questões fundamentais para o desenvolvimento do país. “Se a dívida não é empregada em investimentos, ela é empregada em quê? Na manutenção da própria dívida”, explica Maria Lúcia.
Assista ao debate na íntegra:
Sobre os debatedores
Professor titular do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC, Ouriques também preside o Instituto de Estudos Latino-Americanos (Iela). Tem doutorado em Economia pela Universidade Nacional Autônoma do México, fez capacitação na Divisão de Pesquisa do Banco Central da Venezuela e em 2013 realizou pós-doutorado na Universidade de Buenos Aires.Maria Lúcia Fattorelli tem especialização em Administração Tributária pela FGV, graduação em Ciências Contábeis pela Fundação Educacional Machado Sobrinho e graduação em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. É coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida. Atuou como assessora técnica da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública na Câmara dos Deputados entre 2009 e 2010. Foi auditora fiscal da Receita Federal de 1982 a 2010.Acesse a cartilha da Auditoria Cidadã da Dívida
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- Capa: Maria Lúcia, José Guadalupe Fletes e Nildo Ouriques | Foto: Laura Miranda, Apufsc
Fonte: Stefani Ceolla, Imprensa Apufsc