Reportagem do UOL repercute denúncias feitas desde maio de 2022; solidez do banco e trabalhadores comprometidos e bem-preparados impediram que problema fosse ainda maior
O portal Uol publicou reportagem afirmando que “Bolsonaro provocou calote bilionário na Caixa Econômica Federal (CEF), em tentativa de reeleição”. O texto publicado na segunda-feira (29), recorda que, com finalidades eleitorais, o ex-presidente editou duas medidas provisórias para criar linhas de crédito na CEF para devedores com nome sujo e para beneficiários do Auxílio Brasil. Até a eleição, o banco estatal liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas. A maioria não pagou provocando o calote no bancoA denúncia já havia sido feita desde maio de 2022 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), que ressalta que a solidez do banco e trabalhadores comprometidos e bem-preparados impediram que problema fosse ainda maior.“É importante que o Uol tenha publicado esta matéria para dar maior repercussão a esta denúncia, que já havíamos feito no ano passado”, lembrou o empregado da Caixa e dirigente da Contraf-CUT, Rafael de Castro, que prosseguiu dizendo que “o uso da Caixa com finalidades eleitorais continuou após a saída do ex-presidente do banco Pedro Guimarães. Logo após assumir a presidência do banco, Daniella Marques lançou o ‘Caixa Pra Elas’, nos mesmos moldes dos dois programas citados pelo portal, visando melhorar a imagem de Bolsonaro entre o público feminino, também com grande rejeição a Bolsonaro”,Para a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, Bolsonaro usou o banco politicamente e eleitoralmente de forma irresponsável. “O problema só não foi maior porque a Caixa é um banco sólido e conta com trabalhadores concursados e preparados. E, passada a eleição, o banco rapidamente parou de conceder esses créditos eleitoreiros”, disse.O Uol, em sua reportagem, confirma que a Caixa suspendeu os empréstimos para pessoas com nome sujo assim que Pedro Guimarães deixou a presidência da Caixa e que, logo após as eleições, também parou de conceder crédito para beneficiários do Auxílio Brasil.
Em novembro de 2022, por ocasião da divulgação do balanço do terceiro trimestre da Caixa, a Contraf-CUT publicou um texto utilizando dados do próprio balanço do banco, no qual denunciava que o crescimento considerável de oferta de crédito que a Caixa Econômica, registrado no período, apontava para a instrumentalização do banco na tentativa frustrada de reeleger Bolsonaro.Histórico das denúncias
Pedro reincidente
No dia 19 de maio de 2022, a Contraf-CUT publicou o texto “Caixa continua sendo usada em campanha eleitoral antecipada”, que trazia a denúncia de empregados da Caixa Econômica Federal contra o então presidente do banco, Pedro Guimarães, que tinha como base o vídeo “Caixa: mudança histórica de postura garante investimentos a quem mais necessita”, postado do canal pessoal no Youtube do presidente da República, com depoimento do presidente da Caixa.“Não era a primeira vez que Pedro Guimarães usava a Caixa para fazer campanha eleitoral para Bolsonaro. Em 2021, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) reconheceu que, já naquela ocasião, havia evidências de uso pessoal da Caixa para esta prática”, observou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt.Endividamento das famílias e PMEs
Além do uso eleitoreiro da Caixa, os empregados também denunciavam que a “arapuca do consignado mantém risco de assédio na Caixa”. O texto, publicado no dia 19 de julho de 2022, ressaltava que a possibilidade de realizar empréstimos consignados às famílias, por meio do Auxílio Brasil, e às pequenas e microempresas, pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), somada ao aumento do percentual de comprometimento da renda para até 40%, poderia ampliar o endividamento dos brasileiros, mas também o assédio moral e a sobrecarga de trabalho dos empregados da Caixa.Daniella Marques continua
Logo após a saída de Pedro Guimarães da presidência do banco, no dia 14 de setembro de 2022, a Contraf-CUT denunciou: “Caixa é usada para propaganda política”. O texto mostrava ainda que, além do uso político-eleitoral, a gestão de Daniella Marques impunha um “descabido aumento de metas de vendas” aos empregados.Nada para os empregadosJá no segundo turno das eleições, no dia 19 de outubro de 2022, a Contraf-CUT no texto “Caixa reduz verbas para agências” denunciava que o banco buscava compensar a “mão-aberta” para os empréstimos eleitoreiros, com o corte de verbas para materiais essenciais ao funcionamento das agências.Após as eleições
O texto mostrava ainda que esta política levou à queda do índice de liquidez de curto prazo, o que levou o banco a praticamente deixar de ofertar crédito após as eleições.
O prejuízo causado pelas medidas eleitoreiras de Bolsonaro
Somente o calote de uma das linhas der financiamento o Sim Digital para pessoas negativadas chegou a chegou a 80% neste ano, segundo a atual presidente do banco, Rita Serrano.Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a Caixa liberou R$ 7,6 bilhões de consignados aos beneficiários do Auxílio Brasil. Essa medida foi duramente criticado por economistas ouvidos pelo Portal CUT que alertaram que os juros altos impediriam que o valor de R$ 600 ofertado pelo programa, seria insuficiente para que essas pessoas sobrevivessem tendo de pagar dívidas de empréstimos.Assista a reportagem da TVT sobre o calote na Caixa
https://youtu.be/Cia5Ml591oU- Capa: Contraf-CUT