Projeto de Luiz Philippe de Orléans e Bragança quer extinguir a Justiça do Trabalho; proposta soma 66 assinaturas e é apoiada por bolsonaristas e pela bancada ruralista; Brasil acumula 918 trabalhadores resgatados no 1º trimestre de 2023, maior número em quinze anos
O deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP), herdeiro da “família real” brasileira, quer acabar com a Justiça do Trabalho e, consequentemente, com a capacidade do Estado de combater o trabalho análogo à escravidão. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) defendida pelo monarquista conta, até o momento, com a assinatura de 66 parlamentares.
ARMAMENTISTAS E RURALISTAS ENCABEÇAM O APOIO À PEC
Pelo menos nove dos deputados que apoiam o PEC de Bragança receberam doações de empresários da indústria armamentícia. Entre os ruralistas da bala que apoiam o projeto está Marcos Pollon (PL-MS), fundador do Proarmas, associação defensora do armamento civil. Ele é diretor de Segurança no Campo da FPA.Também representam essa faceta armamentista da bancada ruralista a coordenadora de Alimentação e Saúde da frente, Bia Kicis (PL-DF), a coordenadora jurídica, Caroline de Toni (PL-SC), e o ex-coordenador de Defesa Sanitária, Domingos Sávio (PL-MG). A lista tem ainda a deputada Carla Zambelli (PL-SP), também da FPA. A deputada apontou um revólver contra um cidadão às vésperas das eleições e foi obrigada a entregar suas armas em dezembro de 2022, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).O interesse do agronegócio na questão também está explícito no apoio do ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles. Eleito pelo PL de São Paulo, ele recebeu financiamento maciço de usineiros, conforme apontado no último episódio da série De Olho no Congresso. O setor sucroalcooleiro tem um histórico de litígios na Justiça do Trabalho: os usineiros foram os principais responsáveis por atuação de trabalho análogo à escravidão em 2022. Dos 2.575 trabalhadores encontrados nessas condições, 14% atuavam em canaviais.DOADORES DO “CLUBE DO MILHÃO” SÃO ACUSADOS DE TRABALHO ESCRAVO
Oito dos 60 maiores doadores individuais nas eleições de 2022, o “clube do milhão”, estiveram envolvidos em acusações de trabalho análogo à escravidão. Foram R$ 12,6 milhões destinados, principalmente, para políticos bolsonaristas. Somente o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu R$ 2,55 milhões de empresários escravagistas.
INDÚSTRIA DE ARMAS E CELULOSE ESTÃO ENTRE OS DOADORES DO “PRÍNCIPE”

- Capa: O deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança tem o apoio de Bia Kicis, Carla Zambelli e Ricardo Salles, entre outros deputados bolsonaristas / Foto: Divulgação, de Olho nos Ruralistas