Até o ano de 2030, cerca de 8,2% da população da terra, ou 700 milhões de pessoas, poderão ser obrigadas a migrar em busca de água, segundo dados da ONU
Devido à crise climática e ao mau uso dos recursos hídricos, até 2025 dois terços da população mundial sofrerá com escassez de água. Considerando a projeção do crescimento populacional dos próximos três anos, isso equivale a mais de 5,46 bilhões de pessoas.
Se medidas adequadas não forem tomadas, a Organização das Nações Unidas (ONU) projeta que 700 milhões de pessoas corram o risco de ter que migrar em 2030 pela falta desse recurso natural que é essencial para a vida.
Os dados foram apresentados na Conferência das Nações Unidas sobre a Água 2023 que se encerra nessa sexta-feira, 24, em Nova York, Estados Unidos.
Mantendo os índices de crescimento populacional, haverá 8,5 bilhões de pessoas habitando a terra no ano de 2030.
O cenário é tão desafiador que o evento iniciado no último dia 22 reúne representantes de 200 países para discutir um plano conjunto de enfrentamento da crise hídrica.
É a primeira vez desde 1946 que a ONU promove uma ação dessas proporções para discutir a temática nos moldes das conferências globais sobre clima e biodiversidade.
Para se ter uma ideia da urgência, já para este ano de 2023 o prognostico é de que haja 40% de lacuna entre oferta e demanda pela água.
Em entrevista à CNN Rádio, Carlo Pereira, diretor-executivo do Pacto Global da ONU no Brasil, afirmou que o “problema da água não é novo” e é reversível desde que o mundo mude a forma de consumo e seus hábitos. “Temos tecnologia suficiente para resolver o problema”, alertou.
Se a conferência visa a estabelecer iniciativas de cooperação mundial para a questão hídrica, Pereira lembra que a água está disponível: “o que temos que fazer é não só canalizar até quem precisa, mas também pararmos de poluir nossos rios e mares”, aponta.
Brasil presente escassez
A delegação brasileira na conferência da ONU sobre Água reuniu cerca de 60 pessoas.
São representantes de cinco ministérios, parlamentares e integrantes de governos estaduais e municipais, Organizações Não Governamentais (ONGs), além de companhias de saneamento básico.
João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), enfatizou que o evento, apesar de seguir a modelagem das cúpulas do clima, não têm negociações em curso, mas terá uma agenda propositiva.
A conferência tem o objetivo de avaliar a implementação da década da ONU para ação na água e saneamento (2018-2028).
No encontro foi defendida a segurança hídrica global e a necessidade de recursos e cooperação internacional para dar respostas à crise climática.
“Vamos buscar apoio financeiro e transferência de tecnologia para que possamos avançar na adaptação às mudanças climáticas, ainda mais com o agravamento dos eventos climáticos extremos”, concluiu Capobianco.
- Capa: UFMG, Divulgação
Fonte: Marcelo Menna Barreto, Extra Classe