Dados da Rede de Observatórios da Segurança indicam que a grande maioria das violações acontece dentro de casa
A violência contra a mulher no Brasil continua em patamares muito altos e dados alarmantes indicam que a maior parte das agressões é de autoria de companheiros e ex-companheiros. Foram 2.423 casos registrados em 2022, sendo 495 deles, feminicídios
De acordo com o relatório Elas Vivem, divulgado nesta segunda-feira (6) pela Rede de Observatórios da Segurança, no ano passado, foi registrada uma violação a cada quatro horas e um assassinato por dia.
A grande maioria dos crimes é cometida dentro de casa, por maridos, namorados, companheiros e ex-companheiros, e a Rede considera que o poder público é insuficiente para coibir a violência .
Violência contra a mulher: 95% das mulheres temem ser vítimas de estupro no Brasil, diz estudo
As agressões contra a mulher são o terceiro indicador de violência mais registrado, no total de aros violentos contra a população no Brasil. À frente, apenas ataques com armas de fogo e ações policiais, ambos os casos, independentemente de gênero.
A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, aponta que, sem ação integrada dos governos, o controle da situação vai continuar esbarrando em obstáculos.
"É necessário um esforço conjunto dos governos federal, estaduais e municipais para a adoção de políticas públicas eficazes e que deem conta do problema, que é de larga escala", disse ela à Agência Brasil.
Situação grave em estados e municípios
São Paulo foi o estado que mais registrou casos. Foram 898 violações, uma a cada dez horas. A Bahia apresentou o maior crescimento do país, com variação de 58% e lidera os feminicídios no Nordeste. O Rio de Janeiro teve um aumento de 45% nos casos e quase dobrou o número de estupros.
No Maranhão, segundo da região em agressões e tentativas de feminicídio, um caso foi registrado a cada 54 horas. Pernambuco lidera os números de transfeminicídios.
Quais são os principais desafios para o combate à violência contra a mulher?
Para conter a violência contra mulheres, segundo o relatório, o Brasil precisa de mudanças sociais e culturais. O problema precisa ser tratado por todo o conjunto da sociedade não somente pelas vítimas.
Como o estudo foi feito?
A análise tem como base um monitoramento diário realizado pela Rede de Observatórios para registrar os casos de violência e segurança no país. As informações são coletadas em meios de comunicação e nas redes sociais. Todas as informações passam por revisão e consolidação.
Por meio desse “monitoramento sensível” é possível identificar crimes não noticiados ou não tipificados pela polícia, mesmo que tenham características de violência de gênero.
- Capa: Combater crimes de gênero exige mudança social / Foto: Thamy Frisselli
- Edição: Rodrigo Durão Coelho
Fonte: Nara Lacerda, Brasil de Fato