Quando anunciou o congelamento dos salários, Guedes disse que estava colocando uma granada no bolso dos servidores. Na abertura da mesa de negociação para debater o reajuste, Haddad disse que ia tirar
A ministra de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, comandou nesta terça-feira (7), a solenidade de abertura da mesa permanente de negociação com o funcionalismo público para fechar um acordo sobre reajustes salariais. A maioria das categorias está com o salário congelado há sete anos. Outras estão há seis anos sem reajuste salarial.
De acordo com a ministra, em até 90 dias o grupo deve chegar a uma solução sobre o percentual de reajuste que será concedido ainda este ano.
Já foi marcada a primeira reunião com os representantes das categorias para o próximo dia 16, quinta-feira da semana que vem, às 10 horas.
A expectativa é de que o governo apresente uma proposta de reajuste para o funcionalismo e detalhe como os percentuais serão aplicados, diz nota publicada pela Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef)/ Federação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Fenadsef).
A partir daí, será possível debater e diálogar sobre a possibilidade de atendimento imediato dessa que é considerada a demanda mais urgente da categoria, no momento, disse o secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo.
Sabemos que esse será só o começo de um longo caminho que teremos para recuperar os serviços públicos brasileiros.
Solenidade de abertura da mesa
Durante a solenidade de abertura da mesa, nesta terça, Esther Dweck e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), criticaram a gestão do governo anterior, especialmente o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, que chamou os servidores de parasitas e disse que iria colocar uma granada no bolso dos servidores quando anunciou o congelamento.
"Este governo jamais considerará os servidores um parasita", disse a ministra em referência a declaração feita por Guedes que comparou servidores públicos a parasitas, que estão matando o hospedeiro (o governo) ao receberem reajustes automáticos enquanto estados estão quebrados.
Haddad disse que, com a negociação de reajustes salariais para as categorias, o governo do presidente Lula (PT) ia "tirar a granada do bolso" dos servidores públicos.
"O objetivo aqui é tirar a granada do bolso de vocês", disse Haddad durante o evento que contou com a participação de 80 entidades sindicais, além dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Luiz Marinho (Trabalho), Carlos Lupi (Previdência), Camilo Santana (Educação) e Simone Tebet (Planejamento).
Haddad se referiu a fala de Guedes na famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020, cujo vídeo foi divulgado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que acusava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de tentar interferir na Polícia Federal.
No vídeo, Guedes aparece celebrando uma lei aprovada no auge da pandemia de Covid-19, que autorizava um socorro a estados e municípios, mas tinha como contrapartida o congelamento dos reajustes.
"Todo mundo está achando que estão distraídos, abraçaram a gente, enrolaram com a gente. Nós já botamos a granada no bolso do inimigo. Dois anos sem aumento de salário", disse Guedes à época.
"Como disse o ministro Haddad, não tem granada nenhuma", disse
Acabou essa visão que os servidores não são essenciais. Ao contrário, os servidores são essenciais.
O Orçamento de 2023 já reserva R$ 11,6 bilhões para a ampliação da remuneração dos funcionários públicos ativos, inativos e pensionistas do Poder Executivo. O que falta decidir é se os militares, beneficiados com aumentos e benesses na gestão Bolsonaro terão os salários reajustados, o que reduziria a reposição para as demais categorias que ficaram com os salários congelados.
O reajuste salarial deve beneficiar cerca de 1 milhão de servidores ativos, aposentados e pensionistas que estão com salário congelado desde 2018, segundo o jornal Folha de S Paulo. O último reajuste de algumas categorias foi em janeiro de 2017, quando receberam a última parcela de um aumento médio de 10,8%, proposto ainda no governo Dilma Rousseff (PT) antes do golpe e que foi parcelado em dois anos (2016 e 2017).
Esses servidores trabalham em órgãos como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)), Fundação Nacional do Índio (Funai), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), além de carreiras médicas e ligadas à Previdência.
Outros 253 mil servidores tiveram o último reajuste aplicado em 1º de janeiro de 2019. Foi a quarta parcela de um aumento total médio de 27,9%. Nesse segundo grupo estão carreiras de Estado, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.
- Capa: Imprensa Condsef
- Edição: Marize Muniz
Fonte: Redação CUT