Após a eleição de Bolsonaro, o número de células neonazistas aumentou em 270%. Recentemente, testemunhamos o terrível ataque à creche em Blumenau, enquanto membros da família Bolsonaro são apoiados por políticos simpatizantes do ex-presidente

 O sul do Brasil é a região mais conservadora do país. A estreita relação entre o conservadorismo e o extremismo após o mandato de Bolsonaro deixou marcas visíveis. No início dos anos 1990, surgiu o movimento "O Sul é o Meu País", que visava alcançar a emancipação política e administrativa dos três estados do sul do Brasil. O movimento foi fundado em 1992 no município de Laguna e tem sua principal sede em Pomerode. Em meados de 2014, o Brasil foi impactado pelas investigações e práticas controversas da Operação Lava Jato, conduzida majoritariamente pela força-tarefa de Curitiba, onde operavam os principais nomes da investigação, ficando conhecida como a "República de Curitiba". Há alguns meses, testemunhamos o resgate de trabalhadores em situação de escravidão em plantações de uvas das maiores vinícolas do país no Rio Grande do Sul. Horrorizados com a situação, ainda tivemos que acompanhar as falas preconceituosas de um parlamentar local, que vitimizou as empresas e os empregadores, culpando os projetos sociais de combate à fome e os próprios trabalhadores pelo ocorrido.Esse sentimento de superioridade sulista e o desprezo pelas pessoas do Norte e Nordeste foram acentuados de forma alarmante após a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Santa Catarina tornou-se a protagonista dentre a tríade dos estados do Sul. Nas mesmas eleições, elegemos ao cargo de governador do estado um nome desconhecido, filiado ao mesmo partido do ex-presidente que surfou na onda bolsonarista. Testemunhamos o total desmonte do país enlutados pelas 700 mil mortes vitimadas pela negligencia na pandemia e ainda ironizada por seus apoiadores.Em 2022, tivemos a opção de dar um novo rumo ao estado catarinense, mas o que vimos foi a consolidação dessa ideologia intolerante que nos dividiu e elevou a violência. Mais uma vez, votamos em um dos principais articuladores das políticas da extrema direita. Santa Catarina foi o estado que mais votou em Bolsonaro nas duas eleições. Nas eleições presidenciais de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro (à época no PSL) obteve 65,82% dos votos entre os catarinenses, sua maior vitória em todo o país no primeiro turno. Já em 2022, Bolsonaro (PL) obteve 61,21% dos votos válidos no primeiro turno e 69,27% no segundo turno.Ao mesmo tempo, o estado se destacou negativamente no cenário nacional com um crescimento alarmante no número de células neonazistas. Em outubro de 2022, a polícia prendeu quatro integrantes de uma célula neonazista em Santa Catarina. A prisão ocorreu após uma investigação detalhada que revelou a existência do grupo extremista e suas atividades criminosas no estado. Especialistas afirmam que o número de grupos neonazistas tem aumentado no Brasil, especialmente em Santa Catarina, desde a ascensão do governo Bolsonaro.O episódio de violência mais recente foi o ataque a uma creche em Blumenau, em que um jovem invadiu a instituição e atacou crianças e funcionários com uma arma branca, deixando vítimas fatais e feridos. Embora não haja confirmação da ligação direta do ataque com grupos extremistas, o episódio acendeu um alerta sobre a violência crescente no estado e nos casos de ataques às instituições de ensino pelo Brasil.No campo político, a nomeação de pessoas próximas ao ex-presidente para cargos no estado de Santa Catarina acende mais um alerta. Recentemente, o filho mais novo do presidente, Jair Renan Bolsonaro, foi nomeado para um cargo de auxiliar parlamentar pleno no gabinete do senador Jorge Seif (PL-SC), que foi Ministro da Pesca do governo anterior. O filho 04 terá um salário de R$ 9,5 mil. Coincidentemente, no dia 25 de março, um caminhão da família do senador Jorge Seif Júnior (PL-SC) foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) com 322,9 kg de maconha em Mato Grosso do Sul. O veículo pertence à empresa JS Pescados, do pai do parlamentar. Para completar, a filha mais velha de Michelle Bolsonaro, Letícia Aguiar, foi nomeada para um cargo na gestão do governador Jorginho Mello em Santa Catarina com um salário de R$ 13 mil...a mamata não acabou, seu namorado também está lotado no gabinete do senador Seif!A proliferação dos grupos de extrema direita ameaça nossa democracia e confronta os valores fundamentais de igualdade e justiça. O cenário atual evidencia como o discurso de ódio e a retórica violenta propagados pelo governo Bolsonaro têm impactado o país. O conservadorismo sulista encontrou terreno fértil no governo Bolsonaro. Os inúmeros parlamentares bolsonaristas e os favorecimentos aos seus familiares estão protagonizando a construção do quartel-general, fixando os ideais extremistas no estado.